Treze
jornalistas foram mortos no continente este ano. Ativistas pela liberdade de
expressão organizam atividades em São Paulo para contestar a defesa dos grupos
econômicos de comunicação exercida pela entidade
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) divulgou ontem (14) um relatório
preliminar que revelou a violência contra jornalistas como um dos fatores que mais
contribuem para a dificuldade do livre exercício da profissão nas Américas. A
Argentina, a Venezuela, o México e o Equador foram apontados como os países em
que o jornalismo encontra mais obstáculos.
Milton
Coleman, editor-chefe do jornal Washington Post e presidente da SIP, afirmou
que vivemos em tempos “perigosos demais para jornalistas”, ao abrir a sessão da
Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, em São Paulo, parte dos eventos
organizados para a 68ª Assembleia Geral da SIP. Coleman lembrou que, só neste
ano 13 jornalistas foram mortos no continente.
O
relatório preliminar é composto de textos que especificam a situação de cada
país americano, e ainda tem de será provado pela Assembleia. A votação ocorrerá
amanhã (16).
O Brasil
foi apontado como país que convive com um alarmante aumento de assassinatos de
jornalistas. O texto do relatório citou casos de violência ocorridos em 2012,
como o do jornalista Valério Luz, da Rádio Jornal de Goiânia,assassinado em 5
de julho, e do blogueiro Décio Sá, morto a tiros em 23 de abril, em São Luís.
Também recebeu destaque o caso do jornalista André Caramante, da Folha de
S.Paulo, que após receber ameaças pelo ex-comandante da Rota, Coronel Telhada,
precisou deixar o Brasil.
A
violência contra jornalistas e a impunidade aparecem também no texto referente
ao México. A Comissão Nacional de Direitos Humanos do país registrou 82
profissionais mortos desde 2000.
O combate
a ameaças a jornalistas e decisões judiciais que dificultam o exercício da
profissão são os únicos pontos de convergência da SIP com os movimentos que
lutam pela democracia plena da informação.
Segundo
ativistas da liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação,
a SIP exerce nas últimas décadas o papel de principal porta-voz da grande
imprensa americana e as maiores críticas à entidade estão relacionadas à
oposição que exerce a qualquer tentativa de regulação democrática da mídia.
Também acusam queas ações pensadas pela SIP não defendem o pluralismo e a
diversidade de imprensa, beneficiando apenas os interesses empresariais dos
grandes grupos de comunicação.
A campanha
"Para Expressar a Liberdade", a partir da iniciativa do Fórum
Nacional pela Democratização daComunicação (FNDC) em parceria com a Frente
Paulista pela Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação, organiza hoje
(15) duas atividades para promover um contraponto à 68º Assembleia Geral da
SIP.
Um ato
público será realizado às 10h30 em frente ao Hotel Renaissance, região central
da capital paulista. No período da tarde, das 15h às 21h, ocorrerá, no site da
campanha, a “Contraconferência online: Liberdade de expressão na América
Latina: de que lado está a SIP?”, com a participação de ativistas e
especialistas do Brasil e daAmérica Latina.
Entre os
brasileiros confirmados estão o escritor Fernando Morais, o professor Emir
Sader e os pesquisadores do campo das políticas de comunicação César Bolaño,
Dênis de Moraes, Lalo Leal, Marcos Dantas, Murilo Ramos, Suzy dos Santos e
Venício Lima. As duas atividades serão
realizadas em parceria com o jornal Brasil de Fato, apósTV/FdE e as revistas
Caros Amigos, Carta Maior e Fórum.