segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Violência contra jornalistas e decisões judiciais que dificultam o exercício da profissão são os principais desafios da imprensa



Treze jornalistas foram mortos no continente este ano. Ativistas pela liberdade de expressão organizam atividades em São Paulo para contestar a defesa dos grupos econômicos de comunicação exercida pela entidade
 
 A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) divulgou ontem (14) um relatório preliminar que revelou a violência contra jornalistas como um dos fatores que mais contribuem para a dificuldade do livre exercício da profissão nas Américas. A Argentina, a Venezuela, o México e o Equador foram apontados como os países em que o jornalismo encontra mais obstáculos.
Milton Coleman, editor-chefe do jornal Washington Post e presidente da SIP, afirmou que vivemos em tempos “perigosos demais para jornalistas”, ao abrir a sessão da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, em São Paulo, parte dos eventos organizados para a 68ª Assembleia Geral da SIP. Coleman lembrou que, só neste ano 13 jornalistas foram mortos no continente.
O relatório preliminar é composto de textos que especificam a situação de cada país americano, e ainda tem de será provado pela Assembleia. A votação ocorrerá amanhã (16).
O Brasil foi apontado como país que convive com um alarmante aumento de assassinatos de jornalistas. O texto do relatório citou casos de violência ocorridos em 2012, como o do jornalista Valério Luz, da Rádio Jornal de Goiânia,assassinado em 5 de julho, e do blogueiro Décio Sá, morto a tiros em 23 de abril, em São Luís. Também recebeu destaque o caso do jornalista André Caramante, da Folha de S.Paulo, que após receber ameaças pelo ex-comandante da Rota, Coronel Telhada, precisou deixar o Brasil.
A violência contra jornalistas e a impunidade aparecem também no texto referente ao México. A Comissão Nacional de Direitos Humanos do país registrou 82 profissionais mortos desde 2000.
O combate a ameaças a jornalistas e decisões judiciais que dificultam o exercício da profissão são os únicos pontos de convergência da SIP com os movimentos que lutam pela democracia plena da informação.
Segundo ativistas da liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação, a SIP exerce nas últimas décadas o papel de principal porta-voz da grande imprensa americana e as maiores críticas à entidade estão relacionadas à oposição que exerce a qualquer tentativa de regulação democrática da mídia. Também acusam queas ações pensadas pela SIP não defendem o pluralismo e a diversidade de imprensa, beneficiando apenas os interesses empresariais dos grandes grupos de comunicação.
A campanha "Para Expressar a Liberdade", a partir da iniciativa do Fórum Nacional pela Democratização daComunicação (FNDC) em parceria com a Frente Paulista pela Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação, organiza hoje (15) duas atividades para promover um contraponto à 68º Assembleia Geral da SIP.
Um ato público será realizado às 10h30 em frente ao Hotel Renaissance, região central da capital paulista. No período da tarde, das 15h às 21h, ocorrerá, no site da campanha, a “Contraconferência online: Liberdade de expressão na América Latina: de que lado está a SIP?”, com a participação de ativistas e especialistas do Brasil e daAmérica Latina.
Entre os brasileiros confirmados estão o escritor Fernando Morais, o professor Emir Sader e os pesquisadores do campo das políticas de comunicação César Bolaño, Dênis de Moraes, Lalo Leal, Marcos Dantas, Murilo Ramos, Suzy dos Santos e Venício Lima.  As duas atividades serão realizadas em parceria com o jornal Brasil de Fato, apósTV/FdE e as revistas Caros Amigos, Carta Maior e Fórum.