quinta-feira, 23 de maio de 2013

“Têm pessoas que devem ser esquecidas”

Nova lei permite que vias com nome de violadores de direitos humanos sejam renomeadas



Muitos moradores não se importam. Talvez nem reparem ou não lembrem com toda a certeza quem é aquela pessoa. No entanto, uma nova lei aprovada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, fez com que o nome de uma rua virasse discussão na reunião de condomínio e passasse a fazer parte de conversas à beira do portão na rua Doutor Sérgio Fleury, Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista.

Após aprovado, projeto proposto pelo então vereador Jamil Murad e desarquivado por Orlando Silva (PC do B), prevê a possibilidade de mudar o nome de uma via pública que tenha sido batizada com o nome de alguém que violou direitos humanos. Anteriormente, a única forma de modificar o nome de um logradouro era quando ridicularizava o local, ou expunha o morador a algum tipo de constrangimento.

Eduardo Rodrigues, 46 anos, comerciante, mora na rua Sergio Fleury — uma referência ao delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) na época da Ditadura Militar — há cerca de dez anos. Ele é favorável à alteração do nome.

— Acho que têm pessoas que devem ser esquecidas. Não devem ser lembradas nem pelo mal que fizeram.
Sandro Furquim, de 32 anos, consultor financeiro, concorda com Rodrigues e diz acreditar que os vizinhos que são contra a mudança não estão muito bem informados. Os dois apoiam, inclusive, a sugestão do próprio vereador Orlando Silva de rebatizar a via com o nome de Frei Tito, religioso e estudioso torturado por Fleury na época da ditadura.

— Nem todo mundo sabe quem foi Fleury e nem pelo que o frei Tito passou. Eu sabia quem o Fleury era, mas fui buscar mais informações. Achei deprimente. Levo na minha rua o nome de um monstro?