Nova lei permite que vias com nome de violadores de direitos humanos sejam renomeadas
Muitos moradores não se importam. Talvez nem reparem ou não lembrem com toda a certeza quem é aquela pessoa. No entanto, uma nova lei aprovada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, fez com que o nome de uma rua virasse discussão na reunião de condomínio e passasse a fazer parte de conversas à beira do portão na rua Doutor Sérgio Fleury, Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista.
Após aprovado, projeto proposto pelo então vereador Jamil Murad e desarquivado por Orlando Silva (PC do B), prevê a possibilidade de mudar o nome de uma via pública que tenha sido batizada com o nome de alguém que violou direitos humanos. Anteriormente, a única forma de modificar o nome de um logradouro era quando ridicularizava o local, ou expunha o morador a algum tipo de constrangimento.
Eduardo Rodrigues, 46 anos, comerciante, mora na rua Sergio Fleury — uma referência ao delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) na época da Ditadura Militar — há cerca de dez anos. Ele é favorável à alteração do nome.
— Acho que têm pessoas que devem ser esquecidas. Não devem ser lembradas nem pelo mal que fizeram.Sandro Furquim, de 32 anos, consultor financeiro, concorda com Rodrigues e diz acreditar que os vizinhos que são contra a mudança não estão muito bem informados. Os dois apoiam, inclusive, a sugestão do próprio vereador Orlando Silva de rebatizar a via com o nome de Frei Tito, religioso e estudioso torturado por Fleury na época da ditadura.
— Nem todo mundo sabe quem foi Fleury e nem pelo que o frei Tito passou. Eu sabia quem o Fleury era, mas fui buscar mais informações. Achei deprimente. Levo na minha rua o nome de um monstro?